quinta-feira, 17 de março de 2011

Música Brasileira do Séc. XX

A utilização de material folclórico e popular em peças de concerto permeou a obra de grande parte dos compositores brasileiros do século XX. O programa apresentado evidencia essa influência no trabalho de sete importantes compositores. Ernani Aguiar em Quatro Momentos evoca imagens e sons do nordeste e em Quatuor, menos explícito, desenvolve e transforma um motivo ao longo dos quatro movimentos. Alceo Bocchino nos leva a um passeio pela noite carioca em sua Seresta Suburbana. Rogério Krieger sobrevoa a Floresta Amazônica e desenvolve o Ponteio até o Retorno à Floresta. Gnattali, na Valsa, traz o lirismo das canções do rádio e a descontração das rodas de choro. Mahle apresenta temas do folclore como opção estética para o Quarteto de 1975. Chiquinha Gonzaga e Pixinguinha dispensam rótulos: eles são a mais pura essência da música brasileira.

PROGRAMA

Ernani Aguiar                 Quatro Momentos nº 3 *
                                     I Tempo de Maracatú
                                     II Tempo de Cabocolinhos
                                     III Canto
                                     IV Marcha
                                     * Adaptação p/ quarteto Consuelo Froehner, autorizada pelo compositor.
                                     Quatuor – Moderato – Movido – Lento – Vivo

Alceo Bocchino               Seresta Suburbana

Rogério Krieger              Ponteio

Radamés Gnattali           Valsa


Ernst Mahle                    Quarteto (1975) - Moderato - Andantino – Vivo

Chiquinha Gonzaga         Gaúcho - Corta Jaca

Pixinguinha                    Descendo a Serra


COMPOSITORES

Alceo Bocchino - Curitiba, PR, 30 de novembro 1918. Cadeira nº 37 da ABM. Músico, maestro, compositor e pianista, foi fundador e professor titular da EMBAP. É fundador da OSP e seu Maestro Emérito. Estudou com Camargo Guarnieri, Villa-Lobos e Francisco Mignone. Foi assistente de Eleazar de Carvalho na OSB por 4 anos. Regeu a Sinfônica de Bilbao (Espanha) e a Filarmônica de Burgás (Bulgária). Foi professor de composição e regência da EM Villa-Lobos, RJ. Atuou na Rádio Mayrink Veiga como maestro e arranjador. Na Rádio Nacional, em 1956, orquestrou e dirigiu o programa Quando os maestros se encontram, com a presença de Radamés Gnatalli, Léo Peracchi e Tom Jobim. Em 1974 realizou concertos na Europa com a OSB com sucesso de público e crítica. De volta ao Brasil, participou de apresentações com orquestras brasileiras. Em 1981 representou o Brasil na Universidade de Maryland, como regente do concerto Stravaganza Musicale com 20 pianistas solistas, no 11º Festival e Concurso de Piano.


Radamés Gnattali - Porto Alegre, RS, 27 de janeiro de 1906 – Rio de Janeiro, RJ, 13 de fevereiro de 1988. Arranjador, pianista, compositor, e instrumentista gaúcho, estudou no Conservatório de Porto Alegre e na Escola Nacional de Música. Em 1939 substituiu Pixinguinha como arranjador da gravadora Victor, e durante trinta anos trabalhou como arranjador na Rádio Nacional. Autor da parte orquestral de Carinhoso, Aquarela do Brasil e Copacabana. Teve influência na composição de choros e na formação da Camerata Carioca. Compôs obras importantes para o violão, orquestra, piano e uma variedade de choros. Foi parceiro de Tom Jobim, Cartola, Villa-Lobos, Donga, João da Baiana, Francisco Mignone, Lorenzo Fernandez e Camargo Guarnieri. Em janeiro de 1983 recebeu o Prêmio Shell na categoria de música erudita. Em maio do mesmo ano apresentou o recital Uma Rosa para Pixinguinha e gravou Vivaldi e Pixinguinha em parceria com a Camerata Carioca.


Ernani Chaves Aguiar - Petrópolis, RJ, 30 de agosto de 1950. Cadeira nº 4 da ABM. Estudou no RJ com Paulina d’Ambrosio, Santino Parpinelli, Guerra-Peixe e Carlos Fonseca. Aperfeiçoou-se no Conservatório Cherubini de Firenze (Itália), no Mozarteum (Buenos Aires) e com Celibidache (Alemanha). Em Campinas recebeu a Medalha Carlos Gomes. Freqüentou o Curso de Canto Coral em Ravena, regeu o Coral da Catedral de Firenze e recebeu o título de Maestro de Capela. Entre 1982 e 1985 coordenou os projetos Orquestras e Espiral da FUNARTE. Desde 1987 é prof. de regência da UFRJ e do Inst. Villa-Lobos. É pesquisador de música colonial e responsável por centenas de estréias. Quatro Momentos nº 3 foi interpretada por mais de 70 orquestras e Psalmus CL é a peça coral bras. mais cantada nos EUA. Sua gravação da ópera Colombo (Carlos Gomes) recebeu o prêmio Melhor CD de Música.Erudita (Ass. Paulista de Críticos de Arte) em 1998 e o Prêmio Sharp em 1999. Em 2000 recebeu o prêmio Açorianos pelo CD Novenas com obras do Pe. José Maurício.



Ernst Mahle - Stuttgart, Alemanha, 1929. Cadeira nº 6 da ABM. Aluno de comp. de J. N. David (Alemanha) e de H. J. Koellreutter (Brasil), fez cursos com Messiaen, Fortner e Krenek. Estudou regência com Matacic, Kubelik e Mueller-Kray. No Brasil desde 1951 foi um dos fundadores da EM de Piracicaba, onde exerceu por 50 anos as funções de diretor artístico, prof. e maestro do Coro e das Orquestras de Câmera e Sinfônica. Naturalizado desde 1962, recebeu o título de Cidadão Piracicabano por seus trabalhos em prol da educação da juventude. Idealizador do Concurso Jovens Instrumentistas Brasil – Piracicaba, foi presidente da Com. Julgadora de 1971 a 2003. Premiado em vários concursos de composição, em 1995 recebeu o Prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte/APCA e em 2006 o Prêmio Martius Staden, conferido anualmente pelo Instituto Martius Staden ao profissional que mais contribuiu para o intercâmbio cultural Brasil-Alemanha. Óperas: Maroquinhas Fru-Fru, 1974; A Moreninha, 1980 e O Garatuja, 2005.


Rogério Krieger – Curitiba, Paraná, 1962. Formado em Violino pela EMBAP na classe do Prof. Paulo Bosísio, também estudou contraponto e música contemporânea com José Penalva e harmonia com Henrique Morozovicz. Estudou Regência com Roberto Duarte e com Kamem Galeminov. Em 1996 recebeu do Instituto de Arte e Performance de Liverpool (Inglaterra) Menção Honrosa pela trilha musical do filme As Carnes, do cineasta Décio Gava. Foi prof. do Conservatório de Música de Porto (Portugal) e regente/diretor artístico da Orquestra e Coro Juvenil da Associação Musical de Pedroso (Vila Nova de Gaia-Portugal). Em 2005 suas composições foram divulgadas em Paris (França), representando o Paraná na Mostra Anual de Cultura Brasileira. Em 2007 a Abertura Sinfônica foi tocada pela OS Nacional no Concerto de Abertura da XVIII Bienal de Música Brasileira Contemporânea, RJ e considerada pela crítica a melhor composição sinfônica. Em 2009 foi interpretada pela Orquestra de Hecettepe de Ancara (Turquia).


Chiquinha Gonzaga - Francisca Edwiges Neves Gonzaga, Rio de Janeiro, RJ, 17 de outubro de 1847 - 28 de fevereiro de 1935. Foi a 1ª chorona e pianista de choro, autora da 1ª marcha carnavalesca, Ô Abre Alas (1899) e a 1ª mulher a reger uma orquestra no Brasil. Iniciou sua carreira com a Canção dos Pastores aos 11 anos. Adaptou o som do piano ao gosto popular e tornou-se a primeira compositora popular do Brasil. O sucesso começou em 1877, com a polca Atraente. A partir da repercussão de sua primeira composição impressa, lançou-se no teatro de variedades e revista. Estreou com a trilha da opereta A Corte na Roça, de 1885. Em 1911, estréia seu maior sucesso no teatro: a opereta Forrobodó, que chegou a 1500 apresentações seguidas após a estreia - o maior desempenho de uma peça deste gênero no Brasil. Aos 87 anos, escreveu sua última composição, a peça Maria. Foi criadora da opereta A Jurity, de Viriato Correia. Compôs música para 77 peças teatrais e 2000 valsas, polcas, tangos, lundus, maxixes, fados, quadrilhas, mazurcas, choros e serenatas.



Pixinguinha - Alfredo da Rocha Viana Filho - Rio de Janeiro, RJ, 23 de abril de 1897 - 17 de fevereiro de 1973. Flautista, saxofonista, compositor, e arranjador, considerado um dos maiores compositores da MPB. Integrou o grupo Caxangá, com Donga e João Pernambuco. A partir deste grupo, formou o conjunto Oito batutas. Quando compôs Carinhoso (entre 1916 e 1917) e Lamentos (1928) foi criticado como tendo uma inaceitável influência do jazz. Na década de 1930 foi contratado como arranjador pela gravadora RCA Victor, criando arranjos celebrizados nas vozes de Francisco Alves e Mário Reis. Na década de 1940 passou a integrar o regional de Benedito Lacerda tocando sax tenor. Algumas composições, entre centenas: Rosa, Vou vivendo, Lamentos, 1 x 0, Naquele tempo e Sofres porque Queres.

As apresentações desse repertório iniciam dia 06 de abril, no novo auditório da EMBAP, Rua Francisco Torres, ou na Sala 1b - Benjamin Constant, nº 303 (endereço a confirmar).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Se você achou nosso trabalho interessante, envie seu comentário, crítica ou sugestão.